Durante um longo período da história, a ciência era apenas um passatempo para as mulheres, em vez de profissão. As oportunidades de educação formal reduziram o acesso das mulheres às áreas de ciências exatas e tecnologias. Quando conseguiam formação especializada, as oportunidades de trabalho lhes eram negadas posteriormente.
Segundo Scott (2012), a mulher, no contexto patriarcal, deveria obedecer ao pai e, após o casamento, ao marido. O domínio era predominantemente e indiscutivelmente masculino. Qualquer desejo individual, projeto ou sentimentos não tinham a menor importância, pois o que importava era o grupo familiar e a vontade do patriarca era sempre soberana.
A II Guerra Mundial gerou a necessidade de mais pessoas com inteligência capaz de solucionar grandes problemas e isto abriu portas para mulheres que tinham interesse em carreiras relacionadas à matemática e à tecnologia. Essas mulheres, por exemplo, programaram os computadores do ultrassecreto Projeto Manhattan. Neste período, em que os homens iam para as batalhas, as mulheres precisavam assumir os negócios da família e a posição masculina no mercado de trabalho, segundo Leskinen (2004).
Os empresários, durante a revolução industrial no século XIX, viram nas mulheres a oportunidade de ter uma mão de obra barata e que realizava os mesmos trabalhos que os homens trabalhando por até 17 horas por dia, em condições prejudiciais à saúde e cumprindo obrigações além das que lhes eram possíveis; apenas, para manterem seus empregos. Sem citar a inexistência de qualquer direito trabalhista.
Mulheres na ciência atualmente
A trajetória da mulher nos últimos séculos é extraordinária, pois vai de uma educação baseada na cultura de dedicação exclusiva ao lar, no período colonial, para uma pequena participação em escolas públicas mistas no século XIX. Porém, até hoje, a mulher precisa batalhar por seu lugar, se afirmar em todos os sentidos e não se intimidar diante das estatísticas desfavoráveis a elas.
Segundo relatório de fevereiro de 2021 da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), quando se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, as mulheres representavam 28% graduadas em engenharia e 40% dos graduados em ciências da computação e informática. As principais disparidades acontecem na área de Inteligência Artificial, onde apenas 22% são mulheres.
Nas Universidades, as pesquisadoras tendem a ter carreiras menores e menos bem pagas, embora, sejam 33,3% dos pesquisadores em geral, apenas 12% são membras de academias de ciências nacionais. Um dos motivos para a ausência de mulheres é que os estereótipos afastaram as mesmas de campos relacionados às ciências.
Atrair mais meninas e mulheres para as carreiras nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática, da sigla STEM, se faz necessário e urgente. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres representam 35% dos matriculados nas Universidades em STEM. No mundo corporativo os dados são alarmantes, apenas, 13% das empresas do Brasil têm CEO mulheres, segundo a Consultoria Talenses e Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) de 2018.
Na Academia Brasileira de Ciência, a porcentagem de ocupação feminina é de 14% e apenas 20% das bolsas de produtividade de Pesquisa do CNPQ na área de exatas são destinadas às pesquisadoras, segundo a revista científica Peer J. Esta ausência pode ser explicada pela dificuldade da manutenção da frequência em cursos de graduação e pós-graduação.
Fazer pesquisa demanda tempo e energia e muitas não conseguem conciliar a vida acadêmica com a sobrecarga de trabalho e rotina familiar. Uma das possíveis soluções para amenizar estes problemas seria a criação de espaços onde pudessem deixar seus filhos enquanto trabalham e/ou estudam e também a criação de programas de fomento específicos para mulheres em todos os níveis.
A dúvida que paira é: como uma mulher que amplifica sua jornada e busca alcançar plenamente seus objetivos consegue atingir os mesmos resultados ou níveis de desempenho que os homens, quando se carrega muitas questões sociais e imposições numa sociedade machista e desigual? É necessário que muitas situações se transformem e com urgência.
Toda a sociedade se beneficia quando a diversidade é ampliada e, assim, busca solucionar os problemas tecnológicos e científicos que existem e ainda estão por vir; porém, nada disso anula o fato de se afirmar que o lugar da mulher é sempre onde ela quiser estar.
Promover a diversidade e igualdade de gênero no mundo científico é essencial para um país que quer ter competitividade econômica, prioriza a qualidade de vida e busca a construção de um futuro melhor.
A passos lentos e vibrando com pequenas conquistas, as mulheres são estrelas iluminando sua própria história buscando se firmarem, cada vez mais, neste pequeno astro, sem luz própria, que chamamos de Terra.
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Conteúdo elaborado por Eliani Marques Rocha
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